A MPB e como tudo começou
A música brasileira, como a cultura, é extremamente diversificada e rica. A música brasileira hoje é o resultado de uma mistura de estilos e tradições musicais de várias culturas de todo o planeta. O cancioneiro brasileiro tem tradição nesse tipo de assunto, até porque os jogos de cassino fazem parte do nosso cotidiano pelo menos desde fins do século XIX. Mas a base da música brasileira, é claro, são os ritmos africanos trazidos aqui pelos escravos e pela música portuguesa. Como resultado dessas misturas históricas, desenvolveu-se a música brasileira, na qual emergiram novos rumos e estilos específicos para o Brasil, como samba, pagode, forró, funk carioca, sertanejo, bossa nova e MPB (música popular brasileira). Esses estilos são puramente nacionais, mas o Brasil tem o seu próprio rock, heavy metal e outros estilos internacionais.
Ainda não acabou por aqui, continue lendo este artigo para saber mais sobre esta cultura única e exclusiva que o Brasil tem para oferecer aos brasileiros e ao mundo!
1. A história
Para começar o nosso artigo, os poetas-letristas da geração de músicos no Brasil dos anos setenta, conhecidos como músicos da MPB (Música Popular Brasileira), tiveram que sair em busca do grandiosíssimo tesouro: a liberdade que a ditadura militar lhes estava negando. Eles ainda não sabiam, mas a ditadura ainda duraria pelo menos mais vinte anos.
Se a bossa nova surgiu nos anos dourados do Brasil, a MPB renunciou a essa leveza e impôs a tarefa de denunciar o autoritarismo e a repressão que tiraram a vida do Brasil de 1964 a 1984. Para os músicos mais jovens, a tranquilidade da bossa-nova já não era mais atraente. A idéia da revolução foi confundida com a do colapso da ditadura e que a revolução não deveria ser apenas ideológica, mas também cultural e comportamental. A ditadura fez todos os jovens artistas e intelectuais do Brasil virarem à esquerda, embora aqueles que pertencessem a um partido de esquerda fossem muito menos do que pareciam. Por isso, falava-se de várias esquerdas: uma esquerda alienada, nome com o qual se referiam a cantores como o jovem Caetano Veloso, tropicalista, independente demais e maconheiro demais para todo o restante, que usava um afro provocante e subiu ao palco vestindo roupas de plástico colorido para tocar música que não era compreendida e que teve suas influências do rock: "música para estrangeiros".
2. A música brasileira e as apostas
Não é de hoje que a música brasileira faz referências a dinheiro, apostas e todo o estilo de vida envolvente. O primeiro samba gravado do Brasil (“Pelo Telefone” de Donga e Mauro de Almeida) já fazia menção à roleta, isso sem contar os diversos sambas em homenagem ao estilo de vida tipicamente associado ao carioca, como o jogo do bicho, pôquer e bingo.
Também temos outros clássicos um pouco mais atuais da MPB como “Dama de Espadas” do lendário Paulinho da Viola e “Full Hand” da banda Canastra. Seja lá qual for o período na linha do tempo musical brasileira, sempre será possível encontrar referências a jogos e à esperança de que um dia a vida boa chegará para todos! Não só na MPB, mas em ritmos como o forró, sertanejo e até no funk carioca, letras fazendo alusão às apostas e jogatinas estão sempre presentes.
3. A ditadura e a música
A era da ditadura militar no Brasil (1964-1985) coincidiu com o momento em que a música brasileira deu ao mundo muitos novos nomes e músicas, cujo som era completamente diferente do que foi criado antes. Muitos artistas não tiveram medo de se opor abertamente ao regime estabelecido no país, pelo qual foram perseguidos: alguns tiveram que enfrentar censura, interrogatórios e invasão de privacidade, alguns até sobreviveram à tortura e expulsão do país.
Há muitas canções cuja história da criação está de alguma forma relacionada aos eventos da época: por exemplo, um artista, teve que censurar sessenta e oito de suas composições! Muito já foi escrito sobre músicos que tiveram que passar vários anos no exílio depois que seu trabalho foi considerado “perturbador” pelas autoridades brasileiras. Na década de oitenta, o regime da ditadura militar no Brasil abrandaria um pouco e, em 1985, cairia completamente; como no espaço pós-soviético, uma cena musical com um componente de protesto diferente de zero não florescerá depois disso, mas não desaparecerá. A comunidade musical brasileira, ainda mais do que antes, atomizada em seu gênero e diversidade geográfica, continuará encantada com novos e novos sucessos; mas de uma forma ou de outra, será uma história completamente diferente.
4. Cada década, cada ritmo
Cada região no Brasil possui o seu próprio ritmo marcante e exclusivo da região. Os ritmos que têm sucesso geralmente se espalham e dominam o Brasil inteiro, e até mesmo, em alguns casos, são exportados para o exterior. Com a chegada da rádio e sua adoção em massa pela população brasileira em meados da década de 1940, artistas como Ary Barroso, Dorival Caymmi, Carmem Miranda e Noel Rosa se tornaram ainda mais populares pelo Brasil.
Já na década de 1950, com o surgimento da bossa-nova com Tom Jobim e João Gilberto (e claro, com a tecnologia de difusão em massa se aperfeiçoando), vários outros ritmos foram criados e se tornaram populares. Graças a esta época, ritmos como o forró, sertanejo e outros foram criados, aperfeiçoados e difundidos em grande massa pelo Brasil. Hoje temos o pagode, funk carioca e outros ritmos bastante populares.
5. Artistas e seus nomes
Seja por gosto pessoal, questões de marketing ou porque fica mais bonito, muitos artistas já trocaram de nome e gostariam de ser conhecidos por suas novas alcunhas. Entre tais artistas, podemos citar até a Gal Costa que só passou a assinar de tal forma depois do lançamento do disco “Tropicalia ou Panis et Circencis” em 1968.
Também não podemos deixar de mencionar Jorge Ben Jor, Baby do Brasil, Sandra de Sá, Titãs, Kid Abelha, Jota Quest e até mesmo o É o Tchan! Confesse, você também algumas vez já quis mudar seu nome para outro que achava que tinha um som melhor do que o seu próprio nome original! Os motivos podem ser os mais variados, mas não tem como negar: é impossível imaginar estes artistas sem esses nomes pelos quais os conhecemos hoje em dia. Consegue imaginar a banda Natiruts sendo chamada por Nativus? E a cantora maranhense Rita Ribeiro que assinou com o seu nome de batismo até 2012, quando decidiu mudar para Rita Benneditto! Bom, o que pode ser bom para ti, pode não ser bom para os outros, mas foram escolhas bastante inteligentes. Espero que tenha gostado deste artigo sobre este ritmo brasileiro importantíssimo!
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