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Sistema de vigilância questionável na província de Kashgar

China adota sistema de vigilância questionável na província de Kashgar Fonte: Youtube A região de Kashgar, no extremo oeste da China, é historicamente habitada por uma comunidade étnica muçulmana conhecida como Uighurs, os quais são vistos como uma ameaça pelo governo chinês por formarem grupos separatistas e supostamente incitarem o terrorismo nessa província. Nos últimos anos, o governo local de Kashgar intensificou drasticamente as medidas de segurança e monitoramento na região, o que tem afetado a vida de milhões de pessoas, especialmente dos indivíduos que se identificam como Uighurs. Para se ter uma ideia, simples ações como ter uma barba ou convidar muitas pessoas para uma festa ou casamento já são o bastante para alguém ser reportado para a polícia. Os habitantes de Kashgar que tentam viajar de carro ou ônibus para cidades vizinhas são constantemente interceptados por grupos de policiais armados, os quais vasculham os celulares das pessoas à procura de aplicativos proibidos no país, como Twitter e Facebook, ou ainda por qualquer mensagem de cunho religioso. Nesse aspecto, o país possui há anos o sistema de censura digital mais moderno do mundo, proibindo os chineses de acessarem vários websites. Desse modo, atitudes inofensivas como manter uma conta nas redes sociais mais populares do mundo ou jogar jogos de cassino online são proibidas em grande parte da China.

Milhares de desaparecidos

O mais preocupante entre as medidas de vigilância aplicadas em Kashgar são os chamados "Centros de Treinamento de Habilidades Profissionais" que foram abertos em toda a região. De acordo com moradores locais em entrevista ao BuzzFeed News, milhares de pessoas que pertencem ao grupo étnico Uighurs foram levadas de forma compulsória a esses centros. Oficialmente, não existe uma explicação sobre o que é feito ou ensinado neles, mas segundo amigos e familiares de pessoas levadas a esses locais, eles são ensinados a adorar o governo chinês e estudam sobre as leis do país que devem ser aplicadas nos ativistas islâmicos. Até o momento, milhares de famílias seguem sem ter notícias e sem qualquer forma de contato com os seus familiares levados aos "Centros de Treinamento de Habilidades Profissionais".

Autoridades da China negam abuso policial

A situação atual em Kashgar chamou a atenção de alguns grupos de direitos humanos ao redor do mundo, os quais pressionaram o governo do país a se explicar sobre o que vem acontecendo na região. Porém, as autoridades chinesas garantem que todas as medidas de segurança adotadas em Kashgar são necessárias para conter as ameaças extremistas dos militantes Uighurs. De acordo com o governo da China, apesar dessas medidas de vigilância mais rigorosas que no restante do país, a vida dos indivíduos que se identificam como Uighurs melhorou nos últimos anos através de programas que facilitam o acesso dessas pessoas a universidade e também a terem cargos públicos. Sobre o assunto, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país afirmou que os moradores da província de Kashgar levam uma vida feliz e tranquila, e que as autoridades centrais não estão cientes de qualquer tipo de abuso praticado pelo governo ou pela polícia local.


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